
Colocar o meu pai numa Unidade de Cuidados Continuados (UCI) foi uma decisão muito difícil. Só quem passa por isto, sabe dar o valor.
Foi difícil para mim e foi difícil para a minha mãe, casada com o meu pai há 62 anos. Mas eu não podia deixar a situação arrastar-se por muito mais tempo. A minha mãe, que conta com quase 85 anos, estava a cuidar do pai 24 horas por dia, a doença do meu pai estava a agravar-se cada dia mais e para mim estava a ser muito difícil assistir a isto e não fazer nada. A minha mãe estava cada vez mais cansada, exausta e via-a a morrer aos poucos. Sobre o meu pai, nós sabíamos que já não havia melhoras. A situação dele ia piorar ainda mais, segundo os médicos que o seguiam. Foi, por isso, que tive de tomar aquela decisão difícil.
Em meados de janeiro o meu pai deu entrada numa UCI e esteve aí até meados de abril, com várias hospitalizações pelo meio. A doença agravou-se, tal como era previsto, e acabou por falecer no dia 24 de abril.
Hoje sinto-me muito triste, pois amava o meu pai, mas estou tranquila com a minha decisão. Fiz tudo por ele enquanto pude. E fiz também pela minha mãe. Apesar da minha mãe sentir muito a falta do meu pai, a sua grande companhia, ela hoje tem consciência que a doença que o meu pai tinha não podia ser tratada em casa. Fizemos tudo para que ele sofresse o menos possível.
Partiu em paz e nós também ficámos em paz.
Há que fazer o luto agora. O luto que começou a ser feito muito antes dele ir para a UCI. No dia em que o meu pai deixou de nos conhecer, nós sentimos que o perdemos. Essa foi a primeira fase do luto. E custou, custou muito.
Agora há que continuar a nossa vida, o melhor que conseguimos.
Tenho a minha mãe comigo, a quem dou amor todos os dias e procuro dar o maior conforto.
Um pouco contrariada ainda, já vai saindo de casa, e convivendo com a família e amigas e amigos.
E foi assim a primeira metade deste ano.
Até breve!
Sem comentários:
Enviar um comentário